O lago é o ponto focal do jardim. Tudo acontece a seu redor. O jardim foi pensado a partir dele. Começou como uma água que espelhasse o céu e o entorno, no centro do terreno. A sua dimensão, na escala do lugar, e a cota da sua implantação deveria ser do tamanho do olhar, de forma que, da casa, fosse possível vê-lo por inteiro. Sua forma longilínea nasceu desta premissa e o traço lhe conferiu uma suave organicidade.
Aos poucos, o lago foi tomando vida própria e definindo sua vocação de reproduzir um microcosmo, de ter peixes que pudessem ser usufruídos em um mergulho, que suas águas fossem transparentes e límpidas o bastante para revelarem um jardim aquático, desenhado sob a água. As linhas curvas do seu contorno esculpiram os relevos internos para viabilizar nichos mais profundos e abrigar os peixes mais exigentes.
Em suas bordas, as curvas criaram a praia, serpentearam os canteiros coloridos pontuados por arvoretas, os capins marcados pelo vento até encontrarem a Sapucaia, as jabuticabeiras do pomar, o futuro bosque e as quadras de esporte. A piscina derramando sua água sobre ele: duas águas separadas ligadas pela sensação. Uma grande e delicada escada de pedra que encontra uma alameda de tamareiras foi estendida sobre a água, propiciando um novo olhar sobre o lago. O traço se realiza com o tempo e amadurece a cada primavera.